É no coração da Bica, em Lisboa, que fica a Afro Tas’ka, um espaço pequeno com uma quinzena de lugares, mas grande em riqueza de sabores e de diversidade da origem dos pratos disponíveis.
De Moçambique, provei umas badjias, feitas com farinha de grão, coentros, cebola e um travo de picante. Supremamente bem fritas, acompanharam uma imperial e foram um excelente «início de hostilidades».
De São Tomé, um molho de búzios, combinados com banana pão frita, e uns camarões da Zola, nome da maga-feiticeira desta alquimia africana. Os camarões rijos & picantes foram servidos com arroz branco, o que suaviza não só o queimos, como os demais temperos. Já o molho de búzios foi uma quase revelação: textura qb de firme e tempero no ponto, que casam na perfeição com o sabor e textura da banana pão frita.
Uma estreia também para mim foi a kizaca, prato típico da gastronomia angolana feito com as folhas da mandioca. De sabor pungente, faz lembrar um esparregado mas feito com as folhas da mandioca, fervidas com leite de coco e óleo de palma, pelo que percebi.
The Old House, o restaurante chinês especializado em cozinha da região de Sichuan, localizado no Parque das Nações, está a léguas de distância da imagem que temos dos restaurantes chineses no nosso país. Aqui não há crepes nem arroz chau chau e muito menos banana fa si. O distintivo é o picante, bem característico daquela região, a que se aliam a frescura e a cor.
O espaço está divido em dois andares, em tons de terra e vermelho, dando-lhe, assim, uma envolvência e serenidade, a que se junta uma decoração sóbria e discreta, havendo, inclusive, salas privadas.
Para entrada, dougan, feito à base de tofu, e cogumelos salteados, os quais encheram mais as medidas que o dougan. Textura e suculência ganharam.
A escolha do prato principal recaiu na carne de porco desfiada, onde ressaltam as características singulares desta cozinha. O picante, símbolo daquela região, é obtido através da pimenta de Sichuan, que provoca uma ligeira dormência na boca, e das malaguetas. A ele se acrescenta o gengibre e o alho, e no fim, resulta um picante leve, fresco e cítrico, impregnado de sabor. Tudo isto é possível encontrar neste prato.
Quanto à sobremesa, o creme de manga com pomelo estava cremoso e suave sem que a manga sobressaísse excessivamente, o que é frequente nas sobremesas feitas à base deste fruto, apenas havendo a apontar a ausência do pomelo! o que teria conferido uma nota cítrica bastante interessante.