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A nómada gulosa

Um blog de crónicas viajeiras e com tendências epicuristas

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Marco Pierre White: um vulcão em erupção permanente

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A Quetzal Editores recentemente colocou no mercado o livro “O diabo na cozinha”, onde Marco Pierre White narra a sua aprendizagem nas cozinhas que o inscreveram no célebre livro vermelho Michelin. Em boa hora o fez, pois escrito há dez anos, a sua autobiografia será adaptada ao cinema, o que só atrai mais (ainda) a atenção para este livro.

O livro relata o percurso que o conduziu desde um bairro de Leeds até ao estrelato gastronómico, tornando-se no primeiro chef britânico (e o mais jovem de sempre, com 33 anos) a ganhar, em 1995, três estrelas Michelin. Mas foi também a circunstância de as devolver, quatro anos, que fez dele também notícia. A opressão de as manter, os sacrifícios feitos desde jovem em nome do sonho e o pouco tempo que passava com a família ditaram a sua decisão.

Neste livro são postos os pontos nos iis, revelados segredos, explicado o seu temperamento e carácter histriónico, revelados os seus amores e ódios de estimação. Apesar do seu carácter impulsivo e irascível de que funcionários e clientes conheceram, não fiquei com a percepção que houvesse da sua parte arrogância ou superioridade. Na verdade, há um reconhecimento e gratidão a muitas pessoas que foram cruzando o seu caminho e que contribuíram para a concretização da sua ambição, num testemunho bastante honesto. É também o retrato de alguém marcado pela perda prematura da mãe (tinha 6 anos) e pela dislexia (numa altura em que esta não era muito estudada) e que acabou por encontrar nas cozinhas o seu espaço de segurança e conforto.

Pode ter sido o diabo na cozinha, mas Marco Pierre White parece ter encontrado a paz na vida.

(crédito da imagem: Queztal Editores)