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A nómada gulosa

Um blog de crónicas viajeiras e com tendências epicuristas

A nómada gulosa

Um blog de crónicas viajeiras e com tendências epicuristas

Há mais vida para além do ceviche

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Sim e há tanto ainda que desconhecemos aqui na Europa sobre a cozinha do Perú. Sobretudo no que diz respeito à variedade de produtos oriundos deste país.

Mas o Segundo Muelle que abriu este verão na praça D. Luís I, junto ao Mercado da Ribeira, pode ser o princípio para descobrir um pouco mais sobre a cozinha peruana.

E para começar chanca, uma variedade milho peruano, frito e com sal, com uma textura insólita mas muito agradável, acompanhado de chips de banana e molho de ají (malagueta amarela, pimento amarelo e sumo de lima) bem suave.

 

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A noite prosseguiu com uma aromática e rica Parihuela, uma sopa de peixe e mariscos e Causa Segundo Muelle, um puré de batata aromatizado com lima e aji, recheado com sapateira, que se revelou fresco e nada denso, ao contrário do que poderia supor. Um ingrediente que já não é estranho por terras lusas é a quinoa e neste restaurante ela é servida numa versão de «risotto» com lombo salteado. Tudo regado com sumos naturais, leves e frescos de frutas tropicais. 

Em suma, tudo muito saudável, colorido e rico de sabores, que terminou numa opção de sobremesa nada saudável: Suspiro de la Limenã, feito à base de doce de leite encimado com um merengue italiano com canela.

http://www.segundomuelle.com/

A nómada no Nómada

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Para os lados das avenidas novas, mais concretamente no n.º 40 da Av.ª Visconde de Valmor, abriu recentemente o Nómada. Dois dos três fundadores deste novo restaurante vêm do Sushic, pelo que trazem para este projecto parte da herança criada e desenvolvida no Sushic, mas do cardápio fazem igualmente parte pratos de carne e peixe com um twist contemporâneo.

E para começar nada melhor que uns cones crocantes, um de atum marinado e cebola confitada em vinho do Porto e outro de tataki de salmão kimuchi, que estavam estaladiços e ricos em sabor.

 

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A tempura envolvendo o camarão black tiger acompanhada de maionese de alho negro apresentou-se igualmente estaladiça com um camarão de textura firme. O resto da refeição prosseguiu com uns gunkan MR e de fois gras e atum. No caso do primeiro gunkan, o bolo de arroz é envolvido em salmão, acompanhado de vieira flamejada em conhaque, enquanto no caso do segundo o bolo de arroz é coberto com atum e fois gras baseado com compota de figo preto. E nesta matéria o vencedor foi o gunkan de fois gras e atum pois o baseado conferiu um subtil sabor fumado que harmonizou na perfeição com a compota.

A noite foi regada a chá frio de menta e sakerinha, mas a carta de vinhos merece ser explorada.

Em suma, o Nómada apresenta uma carta mais curta e por isso mais focada e destacada que a do Sushic, o que é para mim um plus, merecendo mais paragens frequentes antes de se rumar ao próximo destino.

http://www.nomadalisboa.com/

Beija-me Burro!

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Desde o primeiro trimestre deste ano, Oeiras conta com mais um restaurante de petiscos.

O Beija-me Burro! encontra-se instalado numa zona recente do concelho, entre o moinho das Antas e a Biblioteca de Oeiras, apresentando uma decoração moderna e sóbria. Este restaurante com inusitado nome propõe uma lista de propostas mais petisqueiras e outras mais substanciais, mas todas elas chamam a atenção.

Para entradas, a escolha recaiu no pesto de favas com morcela crocante e no creme de chouriço mouro com chips de nabo, devidamente acompanhados de sortido de pães, a que se juntou uma macia manteiga condimentada com malagueta vermelha. A combinação do sabor pungente da fava casa na perfeição com o sabor da morcela e o pesto era macio e aveludado.

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No item “As nossas frigideiras”, a opção foi o ovo escalfado com tiras de lulinhas grelhadas e creme de cogumelos e a trufas de alheira de caça com esparregado de brócolos. As lulas estavam tenras e combinaram na perfeição com o creme de cogumelos. Aliás, este capítulo oferece igualmente outras escolhas igualmente interessantes: picapau de acém de com molho de vinho tinto e crivando e a frigideira de enchidos assados com molho picante.

Mas se o estômago pedir alimento de maior sustança, no capítulo “O talho” pode-se encontrar piano assado com mel e alecrim assim como bife de acém grelhado com ervas aromáticas

E para fechar com chave de ouro, em matéria doceira a seleção foi uma refrescante panna cotta de hortelã com coulis de framboesa e um pudim de abade de priscos acompanhado de gelado de limão e manjericão, que permitiu aligeirar esta clássica sobremesa do receituário português. 

Apesar de existir uma carta diversificada de vinhos, e quase toda ela com opção de serviço a copo, o calor pedia uma sangria e para a mesa veio um jarro de sangria branca, fresca e frutada.

Enfim, o Beija-me Burro! prima pelo carácter invulgar da sua carta e merece outra visita.

http://www.beija-me-burro.pt/

Eu já te dou o arroz!

No caso é Henrique Mouro que nos dá o arroz e este último é o cereal que domina a carta do Bagos. Há algum tempo que não tínhamos a oportunidade de reencontrar a mão e o tempero deste chef, que deixou boas memórias a quem frequentou o Assinatura.

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O recentissímo projecto parece-me diverso daquele que criou em 2010, sem menú de degustação e centrado numa matéria-prima, in casu, o arroz. Este cereal tão importante em terras do Oriente viajou para outras paragens e enraizou-se por terras lusas e nas nossas mesas.

Basta percorrer o índice da bíblia portuguesa do nosso património culinário português que é a Cozinha Tradicional Portuguesa de Maria de Lourdes Modesto, para testemunhar que o arroz está presente no receituário português de norte a sul. Por conseguinte, parece haver espaço a uma carta monotemática, digamos assim, sem que seja necessariamente enfadonha. 

A criatividade do Bagos é servida numa sala que se espraia em dois níveis e que acomoda uma trintena de lugares, decorada singelamente em tons de branco e preto.

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E na minha estreia no Bagos fui recebida com um filete de sardinha, numa espuma caldosa e fofa de tomate com sabor de caldeirada e ligeiramente cítrico no final, uma cortesia do chefe. 

Para começar, as propostas passam pelo aveludado de galinha com amêndoas torradas ou os fios com legumes e camarão, coentros e saté. Como pratos principais, cinco propostas com peixe e quatro com carne. Do capítulo peixes, destaque para o malandro com berbigão, nabiças e bacalhau (a opção escolhida) e de lingueirão com limão e açafrão das índias. Do domínio carnívoro, realce para o arroz de cabidela com uma pedra cheia de farinheira, assim como com vazia de maronsesa numa espécie de bitoque. No capítulo das sobremesas, a base passa pelo arroz doce, na sua vertente clássica e tradicional (com canela), mas também num soufflé com framboesas e menta. 

A opção escolhida apresentou-se com o grão cozido no ponto, envolto no liquído onde os berbigões abriram e na nabiça cortada. No topo, uma generosa e macia posta de bacalhau. A nabiça conferiu textura e não era ácida, apresentando-se o caldo com um sabor equilibrado. Por sua vez, o soufflé, com a combinação da canela e frutos vermelhos, estava fofo e saboroso.

http://www.bagoschiado.com/ 

 

Navegando no Rio Maravilha

Do último andar de um dos edifícios da LX Factory vista magnífica para a minha cidade. Rio Tejo. Ponte 25 de Abril. Cristo-Rei. O cenário e o nome do restaurante (Rio Maravilha) conduzem-me a evocar a cidade onde o meu avô materno, paraense, nascido em Belém, viveu praticamente toda a sua vida (Rio de Janeiro) e a vista desde o Cristo-Redentor. Baía da Guanabara. Lagoa Rodrigo de Freitas. Jockey Club.

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As referências tropicais e lusas pontuam o espaço (na parede e nas mesas) e as influências gastronómicas dos dois lados do oceano Atlântico estão presentes na carta construída a pensar na partilha entre os convivas. Iniciou-se a noite pelos chips de mandioca e torresmos acompanhados de ketchup caseiro, crocante de polenta e queijo e a cecina, favas frescas, mirtilos, gelado de leite fumado e germinados de cebolinho.

 

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Dos três, o eleito foi inequivocamente a cecina: a carne apresentou-se ligeiramente fumada, nada seca, que casou na perfeição com o inusitado gelado.

Dali passagem ao atum braseado com morangos marinados em soja e sisho, acompanhado de legumes assados e uma salada verde (lamentavelmente muito pobrezinha) e ao arroz cremoso de pato, alcachofra e espinafres selvagens. O atum irrepreensivelmente cozinhado e arroz esteve à altura do nome: cremoso mas com cozedura ligeiramente incompleta, conferindo-lhe mais textura.

Para remate pavlova com frutos vermelhos, com gelado de framboesa e creme de pistácios. E em matéria de pavlovas, digamos que vão ter que praticar mais a arte de domesticar o forno.

Mesmo sem ser para jantar, a vista esplêndida e os cocktails (fiquei fã do tangerina fizz) convidam a estacionar por aqui.

http://www.riomaravilha.pt/

Uma Sociedade à volta da boa mesa

Fim-de-semana solarengo. Brisa suave. Céu com azul de Verão. O postal perfeito que convidava ir até à Parede e conhecer a Sociedade que se instalou nos finais de 2014 no edifício da SMUP (Sociedade Musical União Paredense), instituição com pergaminhos na Parede.

Espaço de decoração simples, com ambiente familiar (em parte devido à memorabilia de tempos idos) onde nas mesas com tampo de mármore se serve uma cozinha de petiscos tradicionais e pratos de inspiração mediterrânica.

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Sendo o couvert disponível um clássico, nem por isso se pode deixar de louvar a qualidade do pão, a manteiga caseira e as azeitonas temperadas no ponto.

A opção recaiu nos 5 pratos de peixe e de carne que são propostos, tendo sido eleito o espadarte com xarém de coentros e o leitão acompanhado de puré de cenoura e do coração de alface ligeiramente grelhado. O espadarte pode ser um peixe ligeiramente seco, mas o xarém, com os coentros incorporados, ajudou a torná-lo menos ressequido. Aliás, o xarém é servido aqui sob a forma de grãos de milho quebrados, ao invés do que sucede no Algarve em que é feito a partir de farinha de milho. O sabor é idêntico, mas a textura dos grãos partidos torna o prato muito mais interessante.

 

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Por sua vez, o leitão encontrava-se cozinhado na perfeição: macio, húmido no seu interior e crocante no exterior.

A carta de vinhos, de fazer corar muito estabelecimento por aí, é extensa, cuidada e variada, sendo propostas algumas opções a copo.

No capítulo das sobremesas, pudim de noz e uma trilogia de chocolate e cacau (salame, mousse e gelado) foram os alvos da gula. O pudim, de sabor suave, estava húmido. Uma delícia. Quanto à outra sobremesa, nunca se pode dizer que é demasiado chocolate ou cacau!

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Enfim, a Sociedade merece mais do que uma visita só. A carta mais petisqueira, digamos assim, é todo um programa: ovos e espargos verdes, alheira, maçã e ovo, pato e vinagre balsâmico, bacalhau com beterraba e coentros, etc, pelo que, o regresso estará para breve.

 

 

 

http://sociedadecaferestaurante.pt/

Uma tasca com sabores africanos

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É no coração da Bica, em Lisboa, que fica a Afro Tas’ka, um espaço pequeno com uma quinzena de lugares, mas grande em riqueza de sabores e de diversidade da origem dos pratos disponíveis.

 

 

De Moçambique, provei umas badjias, feitas com farinha de grão, coentros, cebola e um travo de picante. Supremamente bem fritas, acompanharam uma imperial e foram um excelente «início de hostilidades».

 

 

 

 

 

 

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De São Tomé, um molho de búzios, combinados com banana pão frita, e uns camarões da Zola, nome da maga-feiticeira desta alquimia africana. Os camarões rijos & picantes foram servidos com arroz branco, o que suaviza não só o queimos, como os demais temperos. Já o molho de búzios foi uma quase revelação: textura qb de firme e tempero no ponto, que casam na perfeição com o sabor e textura da banana pão frita.

 

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Uma estreia também para mim foi a kizaca, prato típico da gastronomia angolana feito com as folhas da mandioca. De sabor pungente, faz lembrar um esparregado mas feito com as folhas da mandioca, fervidas com leite de coco e óleo de palma, pelo que percebi.

https://www.facebook.com/taskatapasbar

Uma casa antiga com vista para o rio Tejo

The Old House, o restaurante chinês especializado em cozinha da região de Sichuan, localizado no Parque das Nações, está a léguas de distância da imagem que temos dos restaurantes chineses no nosso país. Aqui não há crepes nem arroz chau chau e muito menos banana fa si. O distintivo é o picante, bem característico daquela região, a que se aliam a frescura e a cor.

 

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O espaço está divido em dois andares, em tons de terra e vermelho, dando-lhe, assim, uma envolvência e serenidade, a que se junta uma decoração sóbria e discreta, havendo, inclusive, salas privadas.

Para entrada, dougan, feito à base de tofu, e cogumelos salteados, os quais encheram mais as medidas que o dougan. Textura e suculência ganharam.

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A escolha do prato principal recaiu na carne de porco desfiada, onde ressaltam as características singulares desta cozinha. O picante, símbolo daquela região, é obtido através da pimenta de Sichuan, que provoca uma ligeira dormência na boca, e das malaguetas. A ele se acrescenta o gengibre e o alho, e no fim, resulta um picante leve, fresco e cítrico, impregnado de sabor. Tudo isto é possível encontrar neste prato.

Quanto à sobremesa, o creme de manga com pomelo estava cremoso e suave sem que a manga sobressaísse excessivamente, o que é frequente nas sobremesas feitas à base deste fruto, apenas havendo a apontar a ausência do pomelo! o que teria conferido uma nota cítrica bastante interessante.

http://theoldhouseportugal.pt/

O isco e engodo do Peixola

Um restaurante que só serve peixe? Count me in! Fica entre o Cais do Sodré e o Chiado, na Rua de Alecrim e à volta deste balcão (não há mesas), desfilam as entradas, os tártaros e ceviches, assim como opções mais robustas, digamos assim, sob a designação de «peixe graúdo».

 

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A escolha da noite recaiu no pica-pau de atum com soja, gengibre e chips, nos ceviches de atum com pepino doce, crocante de quinoa e batata-doce e de peixe branco, cebola roxa e abacate bem como nos tacos de camarão.

O pica-pau revelou-se uma excelente surpresa, com um atum macio e aveludado, cozinhado no ponto certo e que em nada fica atrás do clássico pica-pau. Outro eleito da noite foi o ceviche de peixe branco, com um pampo de qualidade, temperado q.b., fresco e cítrico. 10 points. Os tacos de camarão mostraram textura e frescura com um subtil picante que se envolvia no crocante da cobertura.

 

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A carta de bebidas destaca-se pela oferta de runs. A experimentar na próxima incursão, até porque a banda sonora do Peixola convida a bebericar um cocktail à base daquela bebida num final de tarde/princípio de noite.      

 

Enquanto o Sushic não abre no Chiado

Atravessa-se a ponte 25 de abril (numa noite chuvosa no caso) em direção a Almada e entra-se num espaço clean e depurado.

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É certo que deste lado do rio já se pode contar com o Mercado de Algés, mas as opções são em menor número e as vistosas sobremesas não fazem parte do cardápio.

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Os sushi’s e sashimi’s servidos não me encheram as medidas, apenas tendo sobressaído, como entrada, o Ebi delight. Para mim, as melhores incursões ao Sushic são justamente as que não passam pelo sushi & Cª e em que é possível melhor apreciar a originalidade, a frescura e a textura do peixe ou a leveza das tempuras. Mas se há matéria que prima sempre pela espectacularidade são as sobremesas que nunca desiludiram até à data.

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