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A nómada gulosa

Um blog de crónicas viajeiras e com tendências epicuristas

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Vinhos do Dão: entre a tradição e a modernidade

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Remonta ao princípio do século XX a delimitação da Região Demarcada do Dão. O seu percurso e evolução conheceu êxitos e vicissitudes de outras regiões demarcadas, mas nas últimas décadas o Dão esteve a maior parte do tempo ausente da ribalta. Não faltam, porém, condições para que o Dão brilhe: o clima, os solos e a variedade de castas tornam os vinhos oriundos desta região únicos.

Nas castas brancas, destaque para o encruzado e a malvasia fina que conferem estrutura equilibrada, a elegância e um aroma discreto. Nas tintas, a touriga nacional (de que o Dão se arroga ser o berço) e a Jaen. Uma cor e pujança; a outra, macieza e notas delicadas de frutos vermelhos.

 

A mostra de vinhos do Dão que teve lugar no passado fim-de-semana em Lisboa foi assim a possibilidade de conhecer um pouco mais a produção vitivinícola desta região.

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E na memória ficaram registados os vinhos da Quinta da Ponte Pedrinha e da Caminhos Cruzados.

Da primeira, com alguns pergaminhos, destaque para o branco de 2015, fresco, elegante e suave. Dos tintos, a reserva 2011 (touriga nacional, tinta roriz, alfrocheiro), revelou-se com cor concentrada, pouco expressivo no olfacto e palato, mas não por isso menos interessante. A touriga nacional de 2012 encheu bem mais as minhas medidas.

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Já a Caminhos Cruzados, apesar de estar ainda a dar os primeiros passos, mostra muitíssimo potencial e a gama Titular reflecte a riqueza do terroir. Provados foram o Titular encruzado/malvasia fina, que se mostrou equilibrado, sóbrio e elegante, e o inesperado Titular Jaen, com personalidade mas sem ser exuberante, e uma surpresa com as possibilidades desta casta. A chave de ouro foi o Teixuga de 2013, um encruzado de complexidade rica, com ligeiríssima acidez, mas puro veludo, que elevam esta casta a néctar digno do Olimpo.

 

 

Os surpreendentes vinhos da Herdade dos Outeiros Altos

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No quadro do mercado dos vinhos do Campo Pequeno, fiquei a conhecer um pequeno e jovem produtor do Alentejo, mas grande nos resultados já alcançados. O que me despertou a atenção foi o vinho de talha, uma técnica de produção em desuso, mas que vai resistindo nalgumas zonas do Alentejo.

Sendo o barro ser um material poroso, permite-se uma microxigenação no interior da talha (que é besuntada previamente com pez, uma resina natural) para evitar a oxigenação excessiva, ganhando o processo de vinificação desta troca gasosa através das paredes de barro da talha.

Quer o Outeiros Alto Talha de 2012 (Aragonez, Alfrocheiro e Trincadeira), quer os demais vinhos produzidos nesta Herdade são biológicos, sendo a quantidade de sulfitos inferior à máxima permitida na lei.

Além do já referido, ficaram na memória o Outeiros Altos Rosé 2014 e o Outeiros Altos Branco de 2013, um branco de vinhas tintas (Aragonês e Alfrocheiro), este último de cor e aroma inusitados (quase transparente, fresco e com um ligeiríssimo sabor a amêndoa).