Navegando no Rio Maravilha
Do último andar de um dos edifícios da LX Factory vista magnífica para a minha cidade. Rio Tejo. Ponte 25 de Abril. Cristo-Rei. O cenário e o nome do restaurante (Rio Maravilha) conduzem-me a evocar a cidade onde o meu avô materno, paraense, nascido em Belém, viveu praticamente toda a sua vida (Rio de Janeiro) e a vista desde o Cristo-Redentor. Baía da Guanabara. Lagoa Rodrigo de Freitas. Jockey Club.
As referências tropicais e lusas pontuam o espaço (na parede e nas mesas) e as influências gastronómicas dos dois lados do oceano Atlântico estão presentes na carta construída a pensar na partilha entre os convivas. Iniciou-se a noite pelos chips de mandioca e torresmos acompanhados de ketchup caseiro, crocante de polenta e queijo e a cecina, favas frescas, mirtilos, gelado de leite fumado e germinados de cebolinho.
Dos três, o eleito foi inequivocamente a cecina: a carne apresentou-se ligeiramente fumada, nada seca, que casou na perfeição com o inusitado gelado.
Dali passagem ao atum braseado com morangos marinados em soja e sisho, acompanhado de legumes assados e uma salada verde (lamentavelmente muito pobrezinha) e ao arroz cremoso de pato, alcachofra e espinafres selvagens. O atum irrepreensivelmente cozinhado e arroz esteve à altura do nome: cremoso mas com cozedura ligeiramente incompleta, conferindo-lhe mais textura.
Para remate pavlova com frutos vermelhos, com gelado de framboesa e creme de pistácios. E em matéria de pavlovas, digamos que vão ter que praticar mais a arte de domesticar o forno.
Mesmo sem ser para jantar, a vista esplêndida e os cocktails (fiquei fã do tangerina fizz) convidam a estacionar por aqui.