Uma viagem pelo Douro Vinhateiro
Foram poucos os lugares onde já estive (e já estive em alguns!) em que tenha chegado à conclusão que são muito mais bonitos do que as imagens fotográficas ou televisivas deixavam transparecer. O Douro Vinhateiro é seguramente um desses lugares.
O comboio histórico do Douro percorre um troço compreendido entre a Régua e o Tua, serpenteando a margem do rio Douro, bem no coração do território vinícola Património Mundial.
As imponentes colinas cravadas de socalcos e o rio Douro, hoje idílico e sereno, constituem a paisagem que tem sido (re)descoberta por portugueses e estrangeiros.
As vinhas recuperaram o seu esplendor após os significativos danos da filoxera na segunda metade do século XIX, mas a faina fluvial da actualidade é hoje tão diferente como o próprio rio, domado por barragens e eclusas. A última viagem de um rabelo transportando os barris de vinho do Porto entre as quintas durienses e as caves de Gaia data de 1964.
Mas também não são as imagens que captei que conseguem fazer jus a este cenário e apreender o esforço humano necessário para contemplarmos a paisagem que hoje temos diante dos nossos olhos.
No dizer de António Barreto “Duas forças colossais fizeram o Douro que está diante dos nossos olhos: a do rio e a dos homens. (...) Visto do ar, dos vales ou do leito do rio, o que se vê é sempre obra do homem.” (Douro – Rio, Gente e Vinho).